quarta-feira, 9 de julho de 2008

Entrevista Professora de Arte: Karen Hoffmann

1. O quê é arte?
KH: Em primeiro lugar: Liberdade de expressão. Poder criar sem limites.

2. Como se relaciona o artista com o circuito das artes?
KH: Hoje, existe uma grande liberdade de expressão por onde o artista pode se aventurar, não há regra. Porém, ao mesmo tempo o mercado não parece proporcionar tanta liberdade. Parece haver, um critério onde métodos mais tradicionais, como por exemplo, a pintura com o suporte tradicional, não parece mais ser tão aceitos. A Arte é livre, ao mesmo tempo não é tão livre. Parece haver uma moda e os artistas parecem ter que seguir essa moda. Hoje em dia a arte está relacionada com a idéia de comunicar alguma coisa, alguma denúncia sobre questões sociais, ecológicas, uma idéia para chocar as pessoas, chamar atenção...

3. Opinião, sentimentos em relação aos acontecimentos nos circuitos da arte atualmente?
KH: Acho tudo muito interessante em termos de conhecimento, interajo com tudo isso, vou aos museus Bienais... mas preocupo-me com a legitimidade da Arte hoje em dia,. Não sei se existem ainda, artistas, dentro de um conceito de aptidão da Arte. Tem pessoas que fazem Arte, mas não sei se são artistas. Parece que hoje em dia todo mundo é capaz de colocar uma obra em uma Bienal. Pode até ser polêmico é uma opinião. Essa linguagem parece desgastada, talvez seja preciso algo novo, ou até mesmo, algo que resgate, por que não dizer, o passado. Algo para nos apaixonar-mos. Para sentirmos emoções, paixões.

4. Como foi tratada a estética na academia?

KH: Não foi falado, inclusive na graduação, comecei a fazer meu projeto de graduação com uma preocupação bem estética e isso foi muito criticado. A partir disso tive que deixar de lado essa questão.

5. Dificuldades no projeto de graduação?
KH: Desde o início da faculdade, eu vinha seguindo uma linha, trabalhando com a figura humana. Assim, minha idéia era trabalhar com citações. -Citações em Arte é quando nos apropriamos de imagens da história da arte, da história mesmo. Como figuras medievais, símbolos, ícones. Como eu colocava isso na minha pintura isso foi visto como muito narrativo, retrógrado. Assim acabei partindo para uma coisa bem contemporânea, e trabalhando com digitais, marcas do corpo. Uma forma de representação contemporânea.

5. Para obtermos o diploma de artistas, pela academia, é necessário nos encaixarmos no conceito de artista contemporâneo?
KH: Parece que sim, foi o quê aconteceu comigo. Por isso, parece que apesar de todo discurso de liberdade da arte contemporânea, ela não parece ser proporcionar tanta liberdade assim, pelo menos em relação aquilo que é aceito no circuito das Artes.

6. Conhecendo questões específicas da Arte Contemporânea, como essa tão falada liberdade de expressão, como podemos pensar a prova de habilitação específica para ingresso no Instituto de Artes da UFRGS para as artes visuais, através do desempenho do desenho?
KH: Parece contraditório, já que a academia quer que seu aluno saia de lá apto para ser um artista contemporâneo. Claro que compreendo que a academia acredite que o artista deva ter uma aptidão para o desenho em sua trajetória, para que depois, possa “enlouquecer”.

7. Na tua opinião, essa prova de desenho é fundamentaL?
KH: Acredito que não, pois a seleção natural ocorre lá dentro do curso, durante a formação.

8. Qual a importância do desenho para o artista?
KH: Acho fundamental para o artista ter no início de sua trajetória, um trabalho com desenho, com escultura, acho que ele tem que ter a noção de desenho, de volume, de modelagem. O desenho é um esquema e acho que toda pessoa tem capacidade para aprender.

9. Como professora, qual a importância do desenho?
KH: O desenho trabalha questões de percepção, observação, olhar. O desenho de observação transforma o olhar da pessoa em um olhar mais sensível.

10. As crianças realizam desenho de observação?
KH: Sim, principalmente de auto-retrato.

11.Qual a reação deles?
KH: A maioria das crianças gosta muito. A primeira reação deles é de estranhamento, até repúdio, porque são muito exigentes, mas a maioria fica se olhando no espelho por um longo tempo, tentando observar todos os detalhes e desenhando. Outros porém, pedem se podem abstrair, temendo que seu desenho não fique ao agrado. Alguns se aborrecem, achando ruim mas oriento que é um retrato, não uma fotografia, não precisa ser realista, então tudo fica mais fácil. Afinal é um desenho. E o desenho oferece liberdade e favorece a criação. Também o relacionamento, a conversa entre eles, opinião, crítica. É um trabalho muito interessante.

12.Qual a importância do professor de Arte?
KH: A Arte é fundamental! Ela faz o aluno olhar, pensar, interpretar, comunicar. O ensino de Arte, hoje em dia se transformou daquele papel de arte manual, artesanato para uma disciplina de formação de cultura, formação de olhar crítico sobre as coisas...

13. Atividades mais realizadas
?
KH: As atividades básicas são: Desenho, pintura e modelagem, também recorte e colagem. Apartir disso, trabalhamos a história da arte, os artistas, imagens para conhecer, interpretar. Eles adoram. Gostam muito de história da arte. Sempre relacionam com coisas do seu dia-a-dia. Fazem releituras e tem muita receptividade.

14..Eles podem fazer sugestões?
KH: Claro, gostam de decidir sobre o material a ser usado.

15. Como é ser professora de artes?
KH: Muito gratificante. É um momento muito especial para as crianças e para mim.. É grande a satisfação do professor quando o aluno tem interesse e nas atividades, e cresce aprendendo com aquilo que a gente gosta e acredita . É um momento de crescimento para todos nós.

16. Alguma parte ruim?
KH: Um pouco de desconhecimento, desinformação das pessoas em relação a atividade de artes visuais. Alguns casos até um pouco de discriminação.

17. Algum recado para os futuros artistas?
KH: Não desistam!

18. Recado para os professores?
KH: Dêem liberdade para seus alunos criarem.

Um comentário:

AluciA LaVisoN disse...

Muito legal esta entrevista! Quem foi mesmo que a realizou? ;p...

Aguardo resposta no email:
Obrigada.
AluciA->2008